segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Reencontro (Trecho do meu livro)



Adormeci sem perceber e acordei com seus olhos doces a me fitar. Ele sorriu e pareceu satisfeito em dizer:

- Olha só... Ela dorme! Pensei que era uma vampira. 
E continuou sorrindo.
O dia estava nublado, e as nuvens mostravam que logo iria chover. Eu até senti frio. Ele me levou até em casa, mas não queríamos nos despedir. Ele tinha que ir, eu sabia, mas ficamos enrolando dentro do carro e achamos graça disso.
Ao sair do carro, nos olhamos de forma terna. Era tão difícil ter que deixá-lo. O feriado já estava acabando e nossa despedida seria inevitável.
Em breve acordaríamos de nosso ‘Sonho de uma noite de verão’ e Shakespeare não nos pouparia no final. A eterna fantasia de um pra sempre que logo acabaria.
- Tudo fora perfeito! Eu pensava, enquanto caminhava até a porta da casa da Gi. A cada passo fui olhando para trás, seus olhos sobre mim. Foi a ultima imagem que tive dele naquele feriado. A despedida final não foi no dia seguinte, ela fora agora. Mas ainda não sabíamos.
Entrei em casa e não consegui pregar os olhos. Fiquei rolando na cama, sentindo uma falta... Uma saudade! Como seria dali pra frente?
Eu não consegui dormir.
Ao ouvir barulho na cozinha, levantei. Dei Bom dia pra Gi e fui tomar um banho. A água quente percorreu meu corpo estático. Sentei-me no chão e chorei. Estava triste por ter que deixá-lo em breve. O pensamento que insistia em me perseguir e a ansiedade inquietante me torturavam.
Troquei de roupa e tomei café com meu casal de melhores amigos. Eu os observava e não cansava de constatar o quanto eles  me faziam falta. Eu também os amava.
Fumei meu maço inteiro de cigarro naquele dia. Estava aflita, e a chuva me deixava ainda mais tensa. Eu não gosto de chuva, de nada que é frio e gelado. O sol já se punha há horas, e o MEU sol já estava distante de mim.
Nossa despedida soou através de um telefone celular, numa distância que parecia enorme e me deixou angustiada. Eu estava muito triste.
Desde que chegara, praticamente não havia dormido, mas naquela noite, a chuva caía lá fora e as lágrimas molhavam meu rosto. Deitei bastante cedo, mas não conseguia dormir. Eu precisava ficar sozinha, Gi também ficou chateada e triste por me ver naquele estado. Ela chorou junto comigo, parecia compreender minha dor.
Não havia mais o que ser feito.
O sono acabou me vencendo pelo cansaço, e quando dei por mim lá se ia o nosso sábado.
Tive uma noite despovoada de sonhos, apenas vazia, sem a presença viva do B. ao meu lado naquela cama. O espaço parecia se estender por quilômetros e eu me perdia no vazio que ele deixara dentro de mim.
Acordei exausta. Emocionalmente exausta. O cansaço de todas as noites acumulado com a tristeza e a saudade, que já eram enormes.