A
noite já não era mais a mesma. Tudo parecia sempre igual.
Como se todos fossem cúmplices. Cúmplices de um mesmo crime, a favor de pecado.
Pensamentos libidinosos estampavam o olhar dos leopardos noturnos, homens e
mulheres a espreita de uma presa, qualquer uma.
O desejo de possuir um
corpo macio para aplacar o vazio de sua cama... O vazio de suas vidas,
aparentemente, perfeitas. Um corpo cálido para chamar de seu, mesmo que só por
algumas horas, por alguns instantes... Pela madrugada cortante.
O
fato em si é que, no emaranhado da noite, não era possível dissecar o real do
imaginário. Um labirinto de nomes falsos, maquiagem e cabelos impecáveis, um
sorriso quase que automático. Por vezes, era como se todos se parecessem, como se
fossem cópias de um modelo ‘ideal’. Ideal para ter, ideal para desejar, ideal
para continuar a querer ser igual, noite após noite... Num eterno embate
consigo mesma e sempre sozinha.
A
noite já não era mais a mesma, entre co(r)pos e cacos, tudo parecia sempre
igual.